O cachorro e o engravatado

Na última quarta-feira, eu estava andando até o ponto de ônibus com a minha mãe, para ir para casa. Um tempinho depois de chegarmos à parada, vimos um cachorro perambulando por ali. Falamos um pouquinho com ele e tal, mas logo ele se afastou, ficando ainda à nossa vista. Ficamos com uma certa pena do cachorrinho, pensando de quem ele seria, se estava perdido, ou se era um cachorro de rua. Minha mãe comentou comigo:
- Ele não parece totalmente abandonado, não está tão magro para ser um cachorro sem dono.
Então eu lembrei da cena que tinha visto poucos dias antes. Eu estava no ônibus, indo para o shopping, quando vi um cachorrinho - da mesma cor do que estávamos falando - atravessando a avenida - a mesma na qual estávamos - e quase, mas QUASE MESMO, sendo atropelado. Ao olhar aquilo, da janela do ônibus, me deu um desespero e uma peninha do bichinho que estava andando sozinho por uma rua bastante movimentada. Porém, minutos depois eu já havia esquecido o ocorrido, indo lembrar apenas em alguns momentos mais tarde. E, naquela ensolarada quarta-feira, foi um desses momentos. 
Contei tudo isso para a minha mãe, e logo constatamos que deveria se tratar do mesmo cãozinho. Seguimos falando sobre outros assuntos, observando o cachorro passear por ali, e enquanto isso, eu também observava um homem, todo engravatado, olhando seguidamente a hora e se movendo em ritmo meio frenético. Permaneci reparando o homem, que de vez em quando dava uma olhada no cachorro, e seguia naquele ritmo, inquieto. Quando abriu a sinaleira para os pedestres, o cachorro, já mais sabido e inteligente, atravessou a rua com as demais pessoas. E o homem de camisa social, gravata e óculos de sol, atravessou também. Minha mãe chamou minha atenção e especulou que o cara devia estar seguindo o cachorro. E, de fato, ele estava.
Ao chegar do outro lado da rua, o cãozinho deu umas voltas e depois caminhou adiante, sendo seguido pelo engravatado. Eu e minha mãe nos olhamos, felizes porque alguém tinha dedicado um pouco do seu tempo para tentar achar o dono do cachorrinho, ou quem sabe, levá-lo consigo para casa. Os dois desapareceram da nossa vista, e eu fiquei imaginando - e esperando muito - se eu não tinha acabado de presenciar o início de uma grande amizade entre um homem e um cachorro.

Estamos acostumados, no nosso dia a dia, a ver cachorrinhos e gatinhos abandonados ou perdidos. O que não estamos acostumados a ver são cenas como essa, na qual existem animais nessas condições, mas que alguém faz alguma coisa. Claro, temos algumas ONGs dedicadas a fazer esse trabalho, mas nós mesmos tomarmos uma iniciativa para acabar com essa triste situação, já é mais difícil. Eu não poderia ter seguido o bichinho, ou ter dado mais atenção, porque precisava logo ir para casa; mas aquele homem pôde, e fez o que achava que tinha que ser feito. Uma coisa que eu e meus pais costumávamos fazer - e pretendo continuar - é estar sempre com um potinho com ração no carro, na bolsa, ou na mochila, para que quando vermos um animal na rua, possamos fazer algo para ajudá-lo. Então, por favor, NÃO ABANDONEM SEUS BICHINHOS se não puderem cuidar deles; levem-os para uma ONG ou um abrigo. E que esse homem que seguiu o cachorro sirva de exemplo para todos nós. 

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